24.1.11

Utopias

Se uma quinzena de artistas CV criassem cada um os seus blogs/sites, evidentemente com o bom gosto que é requerido a um artista, divulgassem os seus portfolios digitais em redes sociais, como o Facebook, ou MySpace, soubessem a importância que tem um tag (classificação que se dá a um artigo publicado na Internet), participassem em colectivos na Internet, mostrassem os seus vídeos no YouTube, publicassem os seus discos em base de dados de referência mundial, se eles se referenciassem uns aos outros, linkassem as páginas de outros artistas, de outros países, de outras culturas e partilhassem todos os dias um bocadinho do seu percurso, teríamos uma classe artística um bocadinho melhor que...APÁTICA.

22.1.11

Campanhas esbanjantes

As campanhas são momentos incaracterizáveis do ponto de vista financeiro. O dinheiro parece que sai do chão. Às vezes uma pessoa pensa em fazer algumas coisas, propõe projectos, e o acto reflexivo é logo apontar o dinheiro como um factor limitante. Mas durante as campanhas políticas nada é impossível. Aparecem grandes produções de espectáculos; video clips para a televisão que são um show de recursos; outdoors que exibem um design muito profissional; sem falar das já tradicionais camisolas, bonés, etc. Eu fico realmente parvo com a capacidade dos partidos de captação de dinheiros, mas o que mais me espanta é, sobre esse dinheirão todo não recai uma única investigação.

Debate primário

A pré-campanha até que estava com uma certa elegância, com os debates na televisão, alguns posts na Internet ainda a tentar puxar pelas ideias, mas depois do grande debate enrtre JMN e CV, a coisa tem vindo a piorar. Antes o pessoal lá argumentava e outros contra-argumentavam. Foi ficando pobre e duro, até atingir um estado primário de discussão, onde uns gritam de um lado MESTI MUDA! e os outros gritam do outro lado MESTI MANTI! É assim por todo o lado, seja na rua, seja na Internet; a partir de agora, o vencedor vai sendo aquele que mais onda consiga gerar.

21.1.11

Mindelo Trip

De 14 a 18 de Jan 2011 vivi dias intensos em Mindelo. Pela primeira vez em anos vou a SV e regresso com mais ânimo que desânimo. Definitivamente temos um novo Mindelo, que já não se identifica com nenhuma das estórias que conhecemos. Tá tudo por descobrir.

Actividades:
  • 15 Jan - Abertura da expo UTOPIA nas lindas instalações do M_EIA (Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura), mais conhecido por "Liceu Bedj",  o meu liceu!
  • 14 a 18 Jan - Conversas filosóficas no Bodeguita, o melhor bar de momento da cidade, com a sua famosa bebida a base de gengibre, que um amigo meu chama de "Pelá Rob". Boa comida no recente restaurante húngaro, de nome "Chocolate". As sempre maravilhosas tapas no "Tapas"
  • 17 Jan - Mostra de vídeos e discussão numa aula de artes visuais, M_EIA. Tenho fé que esta escola ainda vai mudar SV.
  • 18 Jan - Encontro "Mindelo...temos cultura?", participação no painel "As periferias da cultura", onde levei a minha experiência da Praia e aprendi muita, muita, muita coisa sobre o novo Mindelo. Duas cidade que só tem a ganhar juntas.
Agradecimentos a: 
  • Ana Cordeiro, directora do IC/CCP, pelo convite, sempre muito atenta aos detalhes. Lembro-me que a vontade de colaboração surgiu num fórum realizado pelo jornal "A Semana", provando que, dinâmicas criam dinâmicas.
  • Irineu Rocha, director do M_EIA, pelo acolhimento, amizade, palavras assertivas e abertura para futuras colaborações.
  • Rita Lobo, investigadora, uma das organizadoras dos encontros, que tem vindo a falar comigo desde Set 2010. 
  • Samira Pereira, directora do Palácio da Cultura e directora de produção da UTOPIA
  • Edson, que me ajudou a montar a expo
  • E mais um bando de gente, por me fazer sentir bem.

I love nha terra Mindelo!

20.1.11

Sangue

Que prazer mórbido é esse de ver o outro a ser espancado?

19.1.11

Palavras são palavras

Hoje (19 Jan 2011) estive num almoço a convite de Carlos Veiga (CV), com artistas e dirigentes culturais. Bem, por esta já devo ter umas tantas etiquetas de parte a parte. Uma vez, um dos comanditas de um dos partidos, confessou-me que tenho vindo a ser "seguido" pela troika do seu partido e que revelo claramente uma militância velada ao outro partido adversário. Epá! Essa ideia de ser "seguido" é de per uma chatice. Ter um rótulo é outra chatice. Mas, chatice mor é, quem tem um discurso político, deve ser imediatamente enquadrado num partido. 

Voltando ao almoço. Ouvi belas e discorridas palavras, como já tinha ouvido belas e discorridas palavras do José Maria Neves (JMN) sobre a Cultura. A ideia de que conteúdos artísticos tem que entrar no sistema de ensino; outra vez a insistência no fórum da cultura; a ideia de medir o desempenho dos embaixadores pelos projectos culturais que conseguem angariar, da mesma forma que são avaliados pelos projectos económicos que angariam; a questão do financiamento da cultura; o assunto grave sobre a propriedade intelectual e a pirataria; enfim...a ladainha já conhecemos, mas a verdade é que este é um sector em que já não acredito em palavras. Só notar que a Cultura, no grande e propalado debate entre CV e JMN, a temática da Cultura... ZERO!

Que as hostilidades comecem

Ontem (18 Jan 2011) assisti ao (des)esperado debate entre José Maria Neves (JMN) e Carlos Veiga (CV), com o fundo surrealista dos apagões. O que vi foi dois cães raivosos, numa luta ao limite do tolerável, enquanto que o projecto político acabou por ficar em segundo plano. No final, na rua houve manifestações eufóricas, do tipo "o nosso cão foi o mais bravo!". Hoje (19 Jan 2011) a maioria dos comentários que oiço tem mais a ver com o resultado da briga, que o esclarecimento das plataformas eleitorais. Reconheçamos as nossas fraquezas: perante o cheiro do sangue, ficámos todos irracionais, fervem-nos as veias, acelera-nos os batimentos, sobe-nos a adrenalina, dá vontade de saltar na briga, morder e arrancar nacos de carne.

13.1.11

Pensar pelas próprias cabeças

Grandes entrevistas de Roselma Évora, Frei António Fidalgo, José de Pina Delgado, Leão de Pina e Olavo Correia,  no Expresso das Ilhas de 12/01/2011, sobre o 13 de Janeiro, data que marca a abertura política em CV. Posições ponderadas e sustentadas. Leituras abrangentes dos ambientes externo e interno, que originaram a abertura política. Nota muito positiva ao jornal, a pautar-se pela elevação do discurso, que tanto falta faz nesses dias de esterilidade de ideias. Será que o jornal vai manter-se assim nos dias a seguir?...A ver.

12.1.11

Político eu? Concerteza!

Pontos nos is. Não é pelo facto de não querer participar deste debate estéril e impregnado de frases feitas e fórmulas fáceis, que é a campanha eleitoral, que eu não tenha intervenção política. Vão àquela parte aqueles que em tempo de campanha sente-se os mais patriotas dos patriotas, os mais esclarecidos dos esclarecidos, os mais cometidos com o país que todos os outros. Esse é o pecado capital de muitos políticos: se sentirem no direito de achar e deixar de achar de tudo e de todos. Há qualquer confusão por aí. Quem está na política activa, está na luta pelo poder; isso é o básico da ciência política. Quanto à consciência política, no sentido lato do termo, que significa uma preocupação com a gestão do bem comum, as nossas opções estratégicas, as nossas preocupações sociais, económicas, ambientais, culturais, esses meus caros, não se resumem a 15 dias de campanha; isso se faz ao longo da vida adulta. Por isso não me venham com convicções cozinhadas num par de dias. Que tal começarmos a falar a sério? Que tal falarmos de política a sério? De opções, de soluções, de estratégias? Que tal se em vez dessa ladainha ridícula, apresentemos ideias concretas, exequíveis e verificáveis? Então, desafio aceite?

Regras do jogo:
  • O debate é de ideias. Aqui não se trata de partidos. Quero conhecer-vos senhores de A e de B. Quero sentir a vossa fibra em questões realmente mais importantes que os vossos umbigos.
  • Não é permitido slogans de campanha. Quem as usar prova que não consegue ter vibração nas ideias sem o refrão da campanha.
  • Não é permitido referências pessoais. Frases como "eles são", "vocês são", "nós somos", etc., são pessoalizações típicas de quem foge ao debate e passa a atirar areia nos olhos.
  • É proibido invocar o passado. A política, enquanto execução de acções, é do presente para o futuro.
  • É desejável que uma crítica seja acompanhada de soluções ou alternativas. Sem isso a crítica é só maldizer, o que é terrivelmente fácil.
  • É proibido citar os outros. Cada um deve pensar com a sua própria cabeça.
  • Não vale remeter aos programas eleitorais. Tem o mesmo efeito que citar os outros.
  • Não vale a pena mandar este blogue à merda, que não vai, o comentário será automaticamente deitado ao lixo e vocês continuam na mesma; a mesma treta de conversa,.

Agora quero ver quem vai aparecer e qual vai ser a sua tirada. Mais divertido ainda vai ser, ver quanto tempo alguém resiste sem pisar as regras anunciadas acima. O mais curioso ainda será, se vivalma vai sequer seguir este repto. Escolham as vossas armas, senhores.

Expo


Cá vamos nós outra vez, voar! 

De 15 a 21 de Janeiro 2011, das 16h às 20h, M_EIA, Cidade do Mindelo

9.1.11

Aviso

Aos visitantes deste espaço, peço, não me mandem coisas para publicar, em forma de comentários, que não tem nada a ver com o assunto do meu post. Vou passar a cortá-los. Peço desculpas, mas se não tenho comentado a política é porque quero que isso fique de fora deste espaço, pelo menos por uns tempos.

Obrigado

6.1.11

Teatro


Direcção: Sara Estrela
dia 6 e 7 na biblioteca nacional
dia 8 e 9 na M_EIA
tudo 21h



Depois de "A Ilha fantástica" estreada no Mindelact 2010, que pra mim foi uma das maiores surpresa da edição, fico ansioso por tornar a ver esta artista de mão cheia a trabalhar. Vamos ao teatro!


CONVITE

A Uni-CV e a Cia. Teatral Kerencaferem tem a honra de convidar a todos para assistir a peça A Lição de
Eugène Ionesco com a direcção de Sara Estrela nos dias 6 e 7 de Janeiro na Biblioteca Nacional na Praia e
dias 8 e 9 de Janeiro no M_EIA em Mindelo.


SINOPSE: A Lição é uma divertida crítica ao academismo e a relação de poder professor x aluno. A Aluna
com sede de conhecimento se rende à aula do Professor e ele, por sua vez, se impõe com o seu método,
sugando a energia da aluna até leva-la ao extremo.


Uma peça que qualquer um que é ou já foi estudante ou professor vai conseguir se identificar e rir muitíssimo!

5.1.11

Quando cai uma árvore...


Morreu o pintor moçambicano Malangatana

Nervos médios

Tudo anda contido em grandes cargas emocionais, os dias por cá. É imenso como a política determinada a vida das pessoas. Dos pobres, determina se vão ficar mais pobres ou ter uns momentos de pobreza suavizada. Dos ricos, determina se vão fechar este ou aquele negócio, se a malta no poder é da sua malta ou não, se vão ter que dar cambalhotas ou não para se manterem no fluxo capital. Dos médios, nós, determina o status profissional, se é o momento do grande salto ou não. É neste pequeno ponto que me repugna com toda a força a política que a minha geração (e a dos meus pais) anda a fazer. Quem anda verdadeiramente preocupado com as convulsões sociais e económicas do mundo, ou as questões ambientais, ou as políticas culturais, ou os paradigmas intelectuais, as tendências, as discussões filosóficas, o debate de ideias? É tudo uma questão de posição.

Anda nervosinho o tempo por cá. O que dá medo é que não é um nervão, nem uma ausência de nervos; é um nervosinho médio, porque por outro lado, uma das características de nós cá, país microscópico, depois da política, somos sempre primo de alguém, ou marido da prima, ou cunhado do primo. De maneira que é, bater forte, mas meio no alvo, meio no ar, que não magoa muito, mas avisa seriamente. O problema acontece mesmo, e aí não se sabe ao certo com que carga e com que danos colaterais, é quando se rompe o limiar do nervosismo médio. Pode se transformar em tudo: desde cenas caricatas a autênticas provas de baixaria.

Têm-me perguntado, então a minha opinião deste e aquele, desta política pré-eleitoral, como se a política só fosse feita quando há eleições. Digo-vos, de momento prefiro sentar-me ao camarote e assistir de boca fechada. Para não perder um único detalhe.